O cálculo renal é mais comum em homens do que mulheres e mais presente em pessoas com idades entre 30 e 40 anos. Também conhecido como pedras nos rins, o problema inicia sua formação justamente naquele órgão e muitos migram para outras partes do sistema urinário, como ureter ou bexiga. Estima-se que pelo menos 12% dos homens e 5% das mulheres vão apresentar sintomas do cálculo renal pelo menos uma vez em suas vidas.
O que muitas pessoas não sabem é que as pedras nos rins podem ser prevenidas com a ingestão de vegetais. O médico João Afif Abdo, chefe do Serviço de Urologia do Hospital Santa Cruz, em São Paulo, explica que os vegetais são alimentos importantes, porque geralmente não contêm muito cálcio e não provocam o aumento sanguíneo de ácido úrico. “Quando se sabe a composição do cálculo renal, de cálcio ou ácido úrico, pode-se então orientar uma dieta que controle a ingestão de cálcio ou que não permita aumentar o ácido úrico no sangue.”
Além disso, segundo Cléverson D’Ávila, urologista do Instituto de Urologia e Nefrologia, de Rio Preto, os vegetais são ricos em fibras e têm o poder de reter íons de cálcio no interior do intestino, evitando sua absorção e diminuindo o aporte de cálcio ao organismo.
O especialista afirma que uma alimentação adequada pode ajudar a evitar o problema. “Para que se possa determinar o tipo de alimentação para prevenção de cálculos em um paciente, primeiro devemos definir qual o tipo de distúrbio metabólico ele pode estar apresentando. E só assim definir quais alimentos devem ser ingeridos ou evitados para a prevenção da formação de cálculo urinário”, afirma.
D´Ávila ressalta que não se pode definir uma dieta para uma pessoa formadora de cálculos sem primeiro estabelecer, por meio de uma avaliação metabólica, quais os fatores internos e externos que possam estar contribuindo para a formação de cálculos na pessoa. “Procure o seu urologista e faça a investigação adequada”, recomenda.
A ingestão de água também é fundamental para a prevenção da formações de pedras nos rins. O urologista João Afif Abdo explica que não existe uma quantidade ideal de água para ser ingerida, pois depende de cada pessoa e do clima. “Num dia de frio, um litro de água durante todo dia é muito, pois não se perde muita água do organismo com a transpiração, respiração, e o excesso de água do organismo é eliminado pelos rins, fazendo com que o volume de urina seja muito maior e a urina consequentemente fica muito diluída (clara e sem cheiro)”, diz.
Já nos dias quentes, perde-se muita água do organismo por meio da transpiração e respiração, e a função do rim é reter o máximo possível de água no organismo para que ele não se desidrate. “Nesse caso, a urina é formada em muito menor quantidade e fica bastante concentrada, com cor e cheiro forte, permitindo então que os cristais de cálcio e ácido úrico se agreguem e formem os cálculos urinários. Portanto, a quantidade ideal de água a tomar para evitar a formação de cálculos é aquela que permite que o indivíduo tenha uma urina bastante diluída e varia muito com a temperatura ambiente, se está frio ou calor”, explica o médico.
Entenda melhor
As pedras nos rins têm diversas causas e podem ser causadas por distúrbios químicos no organismo, como, por exemplo, o aumento do ácido úrico no sangue, dieta alimentar inadequada e falta de ingestão de líquidos, entre outros.
João Afif Abdo explica que existem dois tipos mais comuns de cálculos renais: os formados de cristais de cálcio e os formados por cristais de ácido úrico. “Quando o indivíduo elimina muitos cristais, sejam eles de cálcio ou de ácido úrico, associados a uma baixa ingestão de líquidos, a urina fica muito concentrada e estes cristais se agregam formando os cálculos ora de cálcio (75%), ora de ácido úrico (20%)”, diz. O médico lembra que qualquer pessoa pode ter o problema, mas o cálculo renal é mais comum em determinadas famílias que apresentam uma tendência hereditária para a formação de cálculos urinários.
Segundo Abdo, quando o cálculo está dentro do rim, normalmente, não apresenta sintomas e nem provoca dores. “Quando o cálculo se desloca e tende a ser eliminado, ele provoca dores muito fortes do tipo cólicas. Esta é a famosa cólica renal, já conhecida das pessoas (aquelas que já sofreram desta patologia assim como as que presenciaram familiares e amigos deste tão incômodo sintoma). Não é muito comum, porém os cálculos renais, principalmente quando forem volumosos ou múltiplos, podem provocar uma infecção urinária e, nestes casos, pode aparecer febre alta, dor para urinar e micções com muita frequência e pouca quantidade de urina de cada vez”, explica o urologista.
Como funciona o tratamento
A maioria dos cálculos renais, em média 80% deles, é eliminada espontaneamente, porém com dores muito intensas, segundo o urologista João Afif Abdo. O restante pode evoluir para um tratamento ou procedimento cirúrgico, porque são grandes e não conseguem ser eliminados, ou porque ficam presos na parede do ureter, provocando uma obstrução do fluxo urinário deste lado e até dilatando o rim. O médico afirma que, às vezes, as cólicas são tão intensas que é preciso uma internação e tratamento com soro e medicamentos antiespasmódicos na veia.
“Nos últimos anos, houve um grande progresso no tratamento cirúrgico destes cálculos, com técnicas menos invasivas como a Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque (LECOC), também chamada pelos leigos de implosão do cálculo. Outra técnica também muito usada atualmente para tratamento de cálculos renais são os procedimentos endoscópicos, como, por exemplo, a ureterolitotripsia endoscó-pica a laser”, complementa.